“O horizonte, segundo as definiçoẽs correntes, é a linha em que o céu parece confundir-se com a terra ou com o mar. Se o observador se deslocar em qualquer sentido, a linha do horizonte desloca-se igualmente. Vai-se formando assim uma sucessão de círculos secantes, como se o observador fosse empurrando o espaço adiante de si, e arrastando atrás uma cortina distante, que é o limite do seu alcance visual. Daqui se conclui que nunca ninguém pôde estar no horizonte. De qualquer lugar onde nos encontremos, o horizonte é sempre uma imagem que nos desafia, que nos promete maravilhas. Vamos para ele e logo se afasta, para outra vez nos fazer negaças. (...) Mas não há outro caminho senão aquele em que podemos reconhecer-nos em cada gesto e em cada palavra, o da resistente fidelidade a nós próprios.”
José Saramago. “Deste Mundo e do Outro”, 1997 (fragmento)
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