segunda-feira, julho 17, 2006

Cruz Martínez

Às vezes temo a metamorfose
O brilho da moeda que nos arrasta ao presumível
domínio dum filho da puta por um mísero
...............................................................salário
Hoje toca-me dupla representação, os espectadores
.......................................................esperam ocorrências
Amanhã oscila entre preguiça e apatia
Ressona um despertador na mente como
........................................................um maço
Almanaques pirómanos de sonhos
delineiam maioritariamente a preto os dias

É tarde
Os semáforos sabem-no e fodem
mudando o verde permissível
por um vermelho que paralisa
Toca o sino, já está na hora
Mais uma vez a contenda de
.............................pontualidades e
..............................................atrasos
da diária jornada de perfeita proletária
.......................De cancelados direitos e
.............................de um montão de obrigações
Amanhã alcançarás o teu prémio
.......................subir ao céu dos idiotas
Mas esta certeza não é suficiente
..............................A fé perde adictos
Os comícios não convencem
As promessas tornam-se contos de fadas
...................................e levas um corvo no bico


3º prémio no Concurso literário e Artístico da AALF, 2003 (Freamunde, Portugal)

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