.
Douro Sol Douro Baga
Douro Sol Douro Baga
de ouro o Sol e o que traga
este rio diluindo reflexos
gentes
fervura de círculo
substância
movimento em traçado
Douro estado
em romper de sombra
corpo intenso perpetuando volume
vibração de margens
Amiúde o vento abranda
o silêncio cristaliza
a essência das cores
aromas vindimados
suavemente
Então o tempo pára por momentos
O rio é a serpente que atravessa o céu
o céu o rio
que se transforma em gente.
.
Pés Descalços
Pés descalços sobre o mosto
essências de segredo
química
substâncias
na profundidade do lagar
a emancipação
o vinho novo
anunciação lançada sobre caves
o fruto
parido em suor
canções que Baco trará
depois das chuvas.
.
As minhas mãos
Em concha as minhas mãos oferecem
o sabor da titânica
paisagem de ranchos
vindimadores numa estreita
dádiva
água criadora
serros montes encostas vales
terra lavrada
as brancas casarias avistam
o labutar dos membros
os rebanhos a chocalhar
ermas fora
O rio abre um sulco navegante
que se ergue em cachões difíceis
como estes braços
vergastando machos
que equilibram canastros
recalcados de uvas
onde poisam abelhas
pelo melaço.
.
................................... "Castas" (nº11 dos Q de Vián cadernos)
................................... de Marília Miranda Lopes (Portugal)
Sem comentários:
Enviar um comentário